domingo, 30 de novembro de 2008

sábado, 29 de novembro de 2008

Juventude


A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida. E está 
perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje 
rondam os trinta. O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando 
lhe falei no Tom Sawyer. 'Quem? ', perguntou ele. Quem?! Ele não sabe 
quem é o Tom Sawyer! Meu Deus... Como é que ele consegue viver com 
ele mesmo? A própria música: 'Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, 
junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além...' 
era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim. 
Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não 
conhece outros ícones da juventude de outrora. O D'Artacão, esse herói 
canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, 
combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos 
jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini 
que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick 
Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super Mulher, heroína que 
nos prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas, 
lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, 
não é a mesma coisa. Naquela altura era actual... E para acabar a lista, a 
mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração: 
O Verão Azul. Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem 
não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, 
meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada. 
Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, 
o que os torna fracos: Ele nunca subiu a uma árvore! E pior, nunca caiu de 
uma. É um mole. Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser 
duplo de cinema. Ele não se transformava num super-herói quando brincava 
comos amigos. Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que 
roubávamos nas obras e que depois personalizávamos. 
Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra. Ele nunca roubou 
chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção. 
Confesso, senti-me velho... 

Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador. Tudo bem, 
por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em 
que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à 
toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft. 
Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram 
a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros. Hoje, se um miúdo cai, 
está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e fazer exames a 
possíveis infecções, e depois está dois meses em casa fazer tratamento a uma 
doença que lhe descobriram por ter caído. Doenças com nomes tipo 'Moleculum 
infanticus', que não existiam antigamente. 
No meu tempo, se um gajo dava um malho muitas vezes chamado de 'terno' nem 
via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra 
espalhada por cima não estancasse. 

Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, 
porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos. Um gajo na altura 
aprendia a viver com o perigo. Havia uma hipótese real de se entrar na 
droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num 
prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para 
a praia. E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a geração 
que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade? E ainda nos 
chamavam geração 'rasca'... 
Nós éramos mais a geração 'à rasca', isso sim. Sempre à rasca de dinheiro, 
sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, 
sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro. Agora não falta 
nada aos putos. 
Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se 
juntar e para servir de presente de anos e Natal, tudo junto. Hoje, ele é 
Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo. 
Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele 
pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela 
versão da bicicleta. 
Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 
8 em cada dez putos sejam cromos. 
Antes, só havia um cromo por turma. Era o totó de óculos, que levava porrada 
de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas. 
É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma 
empresa de computadores, mas não curtiu nada.  

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Anuncio no Correio da Manha

PRETA E SOLTEIRA

   Procuro companheiro macho, a origem étnica não é importante. Sou muito
boa fêmea e adoro BRINCADEIRAS. Gosto muito de passeios nas matas, gosto de
andar de jeep, de viagens para caçar, acampar e pescar, de noites de
inverno aconchegadas junto à lareira. Jantares à luz de velas fazem que vá
comer-lhe à mão. Quando voltar a casa do trabalho esperá-lo-ei à porta,
vestindo apenas o que a natureza me deu. Telefone para 218756420 e
pergunte pela Micas. Aguardo notícias suas...

 

 

 
RESULTADO DO ANÚNCIO: Mais de 15.000 homens deram por si a telefonar para a Sociedade Protectora dos Animais - Secção de Caninos.... 
 
 

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Corrigindo velhos ditados

Estás corrigindo a lingua portuguesa? Porque nao corrigir tb alguns ditados?

'É dando... que se engravida'.

'Quem ri por último... é retardado'.

'Alegria de pobre... é impossível'.

'Quem com ferro fere... não sabe como dói'. 

'Em casa de ferreiro... só tem ferro'.

'Quem tem boca... Fala. Quem tem grana é que vai a Roma!'

'Gato escaldado... morre, porra!'

'Quem espera... fica de saco cheio.' 

'Quando um não quer... o outro insiste.'

'Os últimos... serão desclassificados.'

'Há males... que vêm para fuder com tudo mesmo!'

'Se Maomé não vai à montanha... é porque ele se mandou pra 
praia.'

'A esperança... E a sogra são as últimas que morrem.'

'Quem dá aos pobres... cria o filho sozinha.'

'Depois da tempestade... vem a gripe.'

'Devagar.... nunca se chega.' 

'Antes tarde... do que mais tarde.'

'Em terra de cego... quem tem um olho é caolho.'

'Quem cedo madruga... fica com sono o dia inteiro.'

'Pau que nasce torto... urina no chão.' 

Anibal Jorge

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A complexidade do Papel Higiénico!!!



(C/ perfume) (S/ perfume) (Sensitive c/ vitamina E) 

Ao fazer compras no supermercado, fiquei palerma com a linha de papéis higiénicos Neve.
Segundo o fabricante, Neve é um produto sofisticado, destinado às classes A e B... só se for A de Apaneleirado e B de Bicha, pela quantidade de mariquices anunciadas, como o Neve Ultra, que já vem com algumas opções:
«alto relevo de flores, perfume e uma micro-textura» que, segundo o texto da embalagem, proporciona aos seus felizes utilizadores «a suavidade de uma pétala de rosa»!

Perguntar não ofende: alguém já limpou o cu com uma pétala de rosa?

Depois, temos o Ultra Soft Color, mais caro é claro! De cor laranja vem com «extracto de pêssego»... como se o cu distinguisse a cor e sentisse o cheiro! 
Mas, o supra sumo é o Neve Ultra Protection, o top da linha.
Este Rolls Royce dos papéis higiénicos, além de conter «óleo de amêndoas»,que garante «maciez superior e um cuidado maior com a pele», na sua delicada fórmula encontramos Vitamina E (!!!) Esta coisa de cagar e sair com o cu vitaminado é mesmo genial! 

domingo, 23 de novembro de 2008

Rebelde Way


A SIC montou uma gigantesca campanha de promoção para a sua nova
série/novela/monte de merda, que dá pelo nome de Rebelde Way.
Depois de anos a apanhar bonés, percebeu que a melhor maneira de
combater a morangada da TVI era...imitar. É lógico. Era inevitável.
Depois de 20 minutos a ver a nova série (o que me provocou uma crise
de cólicas da qual só um dia depois começo a recuperar) sinto-me
preparado para uma análise.
Bora lá.
A fórmula é a mesma nos dois canais. Aqui fica a receita:

1 - Pitas boas. Muitas, quanto mais descascadas melhor (as séries de
verão são, naturalmente, as melhores, porque eles vão todos juntos
para a praia).
2 - Gajos "estilosos". A coisa divide-se em dois: há aqueles que têm
quase 30 anos mas fazem de adolescentes, e depois há os que são mesmo
adolescentes. Estes últimos são aqueles que se levam a sério enquanto
"actores". O requisito essencial para qualquer gajo que entre nestas
séries é ter um penteado ridículo.
3 - O Rebelde Way tem gajas do norte. Fazem de gajas daqui, mas aquele
sotaque é fodido de perder. Fica ridículo, mas as gajas são boas.
4 - Nos Morangos, a palavra "pessoal" é dita 53 vezes por minuto,
normalmente inserida nas frases "Eh pá, pessoal!", no início de cada
conversa, ou então "Bora lá, pessoal", antes do início de qualquer
actividade.

Agora vamos à bosta que a SIC acabou de parir, com pompa,
circunstância, varejeiras e mau cheiro.
Chama-se Rebelde Way. Cool, man! O slogan dos Morangos era "Geração
Rebelde", mas a inspiração deve ter vindo de outro lado, de certeza. O
que me irrita na poia da SIC é que os gajos são todos betinhos (até os
mânfios são todos giros e cool e com uma caracterização ridícula, como
se fossem a um baile de máscaras vestidos de agarrados ou arrumadores
de carros). Mas depois são bué rebeldes. São bué mauzões, man! A
brincar com os seus iPhone, com as suas roupinhas fashion, grandes
vidas, mas muita mauzões.
Se há algo que esta geração de morangada não pode ser, não tem direito
a ser, é ser rebelde. Rebelde porquê, contra quê? Nunca houve
em Portugal geração mais privilegiada do que a actual, à qual esses
putos pertencem. Nunca qualquer puto teve tanta liberdade e tanta
guita no bolso como esta malta. Nunca as pitas foram tão boas e tão
disponíveis para foder com a turma inteira como agora. Nunca houve
tamanha liberdade de mandar os pais à merda e exigir uma melhor mesada
porque é altura dos saldos. Rebelde porquê? Em nome de quê?
É claro que isto são pormenores com as quais as novelas não se
deparam, nem têm de o fazer. O objectivo é simples: para uma geração
tão privilegiada como aquela que é retratada, há que criar uma
rebeldia fictícia, porque não é cool ser dondoca aos 16 anos. Mas é o
que todos eles são.
Há uns tempos vi, no Largo do Carmo, um bando de a uns 15 putos e
pitas, vestidos à dread com roupinha acabada de comprar na Pepe Jeans.
Um dos putos que ia à frente, não devia ter mais de 16 anos, vem a
falar à idiota como se fosse dono da rua, saca duma lata de tinta e
escrevinha qualquer coisa de merda na parede. Todos se riram, todos
adoraram, e ele foi, durante cinco minutos, o maior do bairro. Não fiz
nada, mas devia ter-lhe partido a boca toda.
Todas as últimas gerações antes desta (incluindo a minha, a Geração
Rasca, que se transformou na Geração Crise - bem nos foderam com esta
merda) tiveram de furar, de lutar, de fazer algo. Havia uma alienação
mais ou menos real, que depois se podia traduzir nalguma forma de
rebeldia. Não era o 25 de Abril como os nossos pais. A nossa revolução
é a dos recibos verdes e da consolidação orçamental. Mas esta
morangada sente-se, devido à merda que a televisão lhes serve e aos
paizinhos idiotas que (não) a educaram, que é dona do mundo. Quando já
és dono do mundo, vais revoltar-te contra quem? E por que raio
haverias de o fazer?!
E assim vamos nós.
Com novelas de putos "rebeldes", feitas por "actores" cujo momento de
glória é entrar numa boys band ou aparecer de cú ao léu na capa da
FHM, ensinando a todos os outros putos que temos que ter cuidado com
as drogas (mas todos os agarrados são limpinhos, assépticos, com os
mesmos penteados ridículos), que a gravidez adolescente é má (mas
todas as
pitas querem foder à grande, porque são donas da sua própria vida e os
pais não sabem nada, etc) e que, sobretudo, este mundo lhes deve
alguma coisa.
Os tomates.
A mim e aos meus, o mundo deve alguma coisa. Aos que foram atrás da
merda do canudo para trabalhar num call center, aos que se matam a
trabalhar e são forçados a ser adultos antes do tempo. Não a esta
cambada de mentecaptos.
E depois estas séries vão retratando "problemas sociais da juventude",
afagando a consciência de quem "escreve" aquela merda, enquanto ao
mesmo tempo incentivam esta visão egocêntrica, egoísta e vácua desta
geração acabadinha de sair do forno.
Talvez eu esteja a ficar velho e a soar como o meu pai. Lamento se não é cool.
Mas esta merda enoja-me.»

Não sei quem escreveu isto mas ADOREI este gajo e subscrevo.
 Anibal Jorge